É madrugada de sábado, tem uma chuvinha gostosa lá fora e
uma preguiça imensa dentro do meu quarto, hoje é ela quem me faz companhia em
baixo dos lençóis. O celular toca, eu o encaro, mas em meio o desânimo não
atendo, afinal nem preciso olhar para saber quem é que está ali me gritando. Fico
ali deitada olhando o vazio do quarto, enquanto em minha mente passa um milhão
de pensamentos, logo me surge lembranças das antigas madrugadas de sábado no
quais a diversão era em dupla.
Não posso negar o fato de que mesmo que tenha sido por
alguns instantes a sua companhia me fez esquecer o mundo me concentrar apenas no
nosso momento. Mas as horas passam tão depressa, os dias, semanas também, chego
até ter dúvidas se aqueles momentos realmente foram tão bons como as lembranças
carrego desses nossos encontros casuais.
Sentir saudade de um amor é ruim, mas a saudade pós-ficada é
a pior de todas, ela sempre vem acompanhada de uma esperança que nos enche o
peito com expectativas, essas quais ambos não haviam descriminado no contrato, e
como se já não fosse o bastante, também bate aquela carência acompanhada da
dúvida e surge o medo, medo da desilusão, medo da não correspondência, eu não
quero passar por isso novamente.
Paro e reflito, penso e repenso em como existe tanta gente solteira
e infeliz nesse mundo, acho muito injusto isso, essas duas coisas não deveriam
andar juntas em hipótese alguma. Porém o culpado disso tudo somos nós mesmo,
que vivemos fugindo das chances de viver novas experiências, confesso que o
novo ainda me amedronta. Confesso que já recusei convites para ir ao cinema, ou
até mesmo um jantar com uma desculpa na ponta da língua, como estudos,
trabalho, rotina, falta de tempo, mas a verdade é que eu apenas não queria, não
vi em mim o menor empenho, tinha preguiça.
As vezes a chance que eu tanto busquei poderia estar ali do
meu lado, no toque do celular, num sms, ou em um oi no whats app, sei lá, no
trabalho, na faculdade ou na trânsito e eu de fato não estava prestando
atenção, então deixei escapar. Que droga, porque as pessoas não vêm com um
sinalizador? Uma plaquinha? -NÃO
PERCA SEU TEMPO CARO JOVEM- ou -VOCÊ ACABOU DE ENCONTRAR O AMOR DA SUA VIDA- .
Muito pelo contrário, as pessoas chegam no silêncio, a vezes no silêncio da
madrugada de sábado, e acaba indo embora mais rápido que possamos imaginar ou
perceber, e com uma grande chance de nunca mais retornar.
Então o celular para de tocar, para ser bem sincera, desde
aquela madrugada ele nunca mais ligou. Eu fico aqui pensando que talvez o que
eu tanto queria estivesse ali, disfarçado de um simples lance casual. Não me
leve a mal, mas é que eu já tive meu coração destroçado tantas vezes, tenho
medo de me machucar de novo, porque isso dói pra caramba, tenho medo de tentar
atravessar a ponte e ela se romper quando eu já estiver na metade do caminho,
mas isso não quer dizer que eu nunca vá atravessa-la, afinal eu não posso viver
o resto da minha vida, carregando arrependimentos de coisas que eu deixei de
tentar por medo.
Nayara Marques
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