quarta-feira, 4 de setembro de 2013

É Que Ainda Tenho Medo ...


É madrugada de sábado, tem uma chuvinha gostosa lá fora e uma preguiça imensa dentro do meu quarto, hoje é ela quem me faz companhia em baixo dos lençóis. O celular toca, eu o encaro, mas em meio o desânimo não atendo, afinal nem preciso olhar para saber quem é que está ali me gritando. Fico ali deitada olhando o vazio do quarto, enquanto em minha mente passa um milhão de pensamentos, logo me surge lembranças das antigas madrugadas de sábado no quais a diversão era em dupla. 

Não posso negar o fato de que mesmo que tenha sido por alguns instantes a sua companhia me fez esquecer o mundo me concentrar apenas no nosso momento. Mas as horas passam tão depressa, os dias, semanas também, chego até ter dúvidas se aqueles momentos realmente foram tão bons como as lembranças carrego desses nossos encontros casuais.
Sentir saudade de um amor é ruim, mas a saudade pós-ficada é a pior de todas, ela sempre vem acompanhada de uma esperança que nos enche o peito com expectativas, essas quais ambos não haviam descriminado no contrato, e como se já não fosse o bastante, também bate aquela carência acompanhada da dúvida e surge o medo, medo da desilusão, medo da não correspondência, eu não quero passar por isso novamente.

Paro e reflito, penso e repenso em como existe tanta gente solteira e infeliz nesse mundo, acho muito injusto isso, essas duas coisas não deveriam andar juntas em hipótese alguma. Porém o culpado disso tudo somos nós mesmo, que vivemos fugindo das chances de viver novas experiências, confesso que o novo ainda me amedronta. Confesso que já recusei convites para ir ao cinema, ou até mesmo um jantar com uma desculpa na ponta da língua, como estudos, trabalho, rotina, falta de tempo, mas a verdade é que eu apenas não queria, não vi em mim o menor empenho, tinha preguiça.

As vezes a chance que eu tanto busquei poderia estar ali do meu lado, no toque do celular, num sms, ou em um oi no whats app, sei lá, no trabalho, na faculdade ou na trânsito e eu de fato não estava prestando atenção, então deixei escapar. Que droga, porque as pessoas não vêm com um sinalizador? Uma plaquinha?    -NÃO PERCA SEU TEMPO CARO JOVEM- ou -VOCÊ ACABOU DE ENCONTRAR O AMOR DA SUA VIDA- . Muito pelo contrário, as pessoas chegam no silêncio, a vezes no silêncio da madrugada de sábado, e acaba indo embora mais rápido que possamos imaginar ou perceber, e com uma grande chance de nunca mais retornar. 

Então o celular para de tocar, para ser bem sincera, desde aquela madrugada ele nunca mais ligou. Eu fico aqui pensando que talvez o que eu tanto queria estivesse ali, disfarçado de um simples lance casual. Não me leve a mal, mas é que eu já tive meu coração destroçado tantas vezes, tenho medo de me machucar de novo, porque isso dói pra caramba, tenho medo de tentar atravessar a ponte e ela se romper quando eu já estiver na metade do caminho, mas isso não quer dizer que eu nunca vá atravessa-la, afinal eu não posso viver o resto da minha vida, carregando arrependimentos de coisas que eu deixei de tentar por medo.

Nayara Marques

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