Era uma noite de sábado,
já não fazia mais frio, as minhas amigas estavam animadas e como já dizia a
grande Tati Bernardi “todo mundo espera algo de sábado a noite”. Então bota a sua melhor roupa e sai para mais
um final de semana, mais uma balada, mesmas batidas repetitivas, mesmas
pessoas, mesmas bebidas. Eu nem ligaria para toda a monotonia caso você também estivesse
lá.
No primeiro momento, na primeira passada de olho que eu não
te encontrei quis acreditar que ainda era cedo pra você estar ali, quarenta
minutos depois tive que dar mais uma conferida, e mais uma vez não consegui te
encontrar. Logo houve a terceira tentativa, porem uma tentativa vaga, foi a
primeira vez que eu não tive que dividir espaço com você naquele lugar, foi a
primeira vez que não tive que segurar o riso frouxo daqueles que sempre escapa
quando meus olhos encontram os seus.
De que adianta, o mesmo lugar, as mesmas pessoas, as mesmas
musicas, mesmas bebidas, mesmo cenário, mesmo contexto se o protagonista da
historia não fazia parte daquele roteiro? Me diz, de que adianta eu estar ali
se dessa vez eu não tinha com quem atuar? Na verdade eu até teria caso eu
quisesse, mais é que eu não queria nada que não fosse vindo de você.
Percebi que eu poderia sentir dezenas de cheiros naquela única
noite, mas o único cheiro que eu precisava sentir era o que exala ao redor do
seu pescoço e também aquele cheiro de roupa limpa e bem cuidada que eu sinto
quando resolvo deitar a cabeça no seu ombro.
Percebi que eu poderia alterar o paladar com qualquer tipo
de bebida, mas o único sabor que eu precisava sentir não era nada comparado com
o amargo gosto das fortes doses, aquele que eu precisava era doce e suave, coisa que
eu só encontrava quando nossos lábios se encontravam.
Percebi também que nenhuma conversa de canto era tanto
produtiva quanto aquelas palavrinhas que você adora falar no canto do meu ouvido.
E de tanto perceber as coisas foi que eu pude dar conta que não
adianta toda aquela disposição, a melhor roupa, guardar o melhor sorriso quando
você não está lá para que eu possa dividir isso contigo. Eu não quero balada, gente vazia, bebida, musica alta, filas. Eu quero o cheiro do meio da suas costas quente, carinho no cabelo e um beijinho de boa noite para eu dormir.
Então para mim a noite acaba ainda no primeiro tempo, peço
arrego, me deito na cama, olho para o lado e ainda lembro-me de quando
dividimos o travesseiro porque eu sempre fui muito individualista, nunca pensei
em ter um travesseiro reserva pensando na possibilidade de receber uma visita
no meio da madrugada, ainda mais uma visita sua, mas juro que se fosse tática,
essa seria a melhor tática que eu poderia ter usado.
Agarro o travesseiro que ainda tem um pouquinho do seu
cheiro e peço pra Deus cuidar de você, já que dessa vez eu sozinha não pude fazer
isso.
Nayara Marques.
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